Friday, August 21, 2009

Histórias e rituais de família e identidade ( título meu)

[...] QUANDO UMA NOVA FAMÍLIA SE CONSTITUI, UM GRUPO FAMILIAR ORIGINAL PASSA A SER CONSTRUÍDO; ENTRETANTO, ELE NÃO COMEÇA SUA MISSÃO DO ZERO
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De vez em quando, surgem palavras ou expressões que viram mania nacional, e muitas delas carregam um complexo conceito teórico de alguma disciplina do conhecimento. Assim foi, por exemplo, com a expressão "quebra de paradigmas", lembra-se dela? Cansei de ouvi-la em escolas.
Muitos professores queriam quebrar paradigmas diariamente -não havia uma reunião em que a expressão não fosse utilizada. Logo percebi que muitos docentes haviam se apropriado apenas do sentido linguístico da expressão e a usavam só para mostrar que estavam devidamente conectados com os estudos da época.
Depois disso, tivemos a época da qualidade total, da resiliência, da sinergia e de muitas outras. Agora, a palavra da vez é sustentabilidade, que tem sido usada das mais diversas maneiras para justificar qualquer tipo de ação, projeto, ideologia etc.
E não é que, recentemente, após uma reunião com pais de uma escola em que o tema foi a importância da transmissão dos valores, dos costumes, das virtudes e da moral familiar na educação dos filhos, uma mãe veio me contar que associara a nossa conversa com o conceito de sustentabilidade?
Devo dizer que, de início, ouvi com preconceito a ideia dela, já que não gosto muito desses modismos conceituais e linguísticos. Mas admito que ela construiu seu pensamento com muita propriedade.
O conceito de sustentabilidade é complexo: diz respeito à continuidade de aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais das diferentes sociedades humanas. Sustentabilidade tem estreita relação, portanto, com preservação.
Quando uma nova família se constitui, um grupo familiar original passa a ser construído.
Entretanto, essa nova família não começa sua missão do zero.
Cada adulto que se propõe a formar esse novo agrupamento leva sua herança familiar e a usa como referência.
Gosto muito da imagem construída por um colega: quando uma pessoa recebe uma casa de herança, ou ela reforma ou vende para comprar outra. O mesmo ocorre com a herança familiar.
Quando duas pessoas vindas de famílias diferentes começam uma nova, negociam, combinam, fazem sínteses do que trouxeram e, claro, inovam também. Além disso, mantêm contato com suas famílias de origem, e é desse modo que as novas gerações se reconhecerão na questão familiar.
Se os pais não transmitem suas tradições e as de suas famílias de origem aos filhos -estimulando o contato entre eles, contando suas histórias, comparecendo aos rituais existentes-, criam uma geração órfã de família. É como se a existência do sobrenome não fizesse sentido, pois não há diferenciação nem características próprias do grupo familiar.
É preciso lembrar que família e sociedade são agrupamentos interdependentes: se um vai mal, o outro também vai. Desse modo, educar os filhos considerando a preservação da família, sua continuidade e manutenção, é trabalhar também a favor da sustentabilidade da sociedade.



Roseli Sayão

Wednesday, August 05, 2009

Em terra árida não nascem flores
Estações se sucedem
E a despeito da rega,
Não se tem nenhum retorno.
A aridez contamina
E a Alma se vê...
Vazia de ardores , amores
Perde-se o sentido da vida
E tudo é cinza, sem cores...

Para meu marido

Cecília
Da vida quero toda a vibração, quero o delírio,
um amor que excite todos os meus sentidos,
mas que tenha na alma seu maior afrodisíaco...

Não esperamos tanto para almejarmos
a sombra de uma árvore,
a contemplação das águas de um regato,
suavemente cumprindo seu caminho,
ou de nuvens brancas no céu deslizando,
a desenhar figuras delicadas...

Não nos satisfazemos mais,
apenas com o etéreo, os mistérios da vida,
os sonhos distantes, a ausência física...

Queremos ser de uma estória de amor
os heróis, os principais protagonistas;
talvez o centro do mundo,
ainda que na visão deturpada
de dois apaixonados...

Que um turbilhão nos engolfe, nos arraste...
É fim de festa, vale tudo: pés descalços
e rostos sem nenhuma máscara...

Cecília Quadros