Friday, April 20, 2007

Soneto XXII

Na sagração de instantes fugitivos
É mais profano o mencionar do eterno,
Pois homens e momentos são votivos,
Podem fazer florir solo de inverno.
Por ser divino o agora não regressa,
É ave, é nuvem, brisa, pressentir,
Arco-íris e relâmpago sem pressa,
Presença com destino de partir.
Este pobre momento que abençoa,
Devaneio e consciência do fugaz,
Já é aquela sensação que voa,
Algo de nós que não regressa mais.
Na paixão dos efêmeros amantes,
A volúvel cortina dos instantes

Paulo Bomfim

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