Friday, March 14, 2008

Soneto XXIII

Ao abrires a porta para a rua
Deixa o mar em teu quarto simplesmente,
E pede que teu carro ou a falua
Trafeguem pela vida sem repente.
No elevador procures disfarçar
Se anêmonas flutuarem na camisa,
E se houver simples gesto a marulhar
Essas lembranças que respira a brisa.
Ao abrires a porta é bom fechares
Os segredos em cofre de coral,
Não banhes em rotina os teus mares,
Esses domínios de amplidão e sal.

Se voltares da rua, pouco importa,
Despede teus naufrágios junto à porta.

Paulo Bomfim

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