Saturday, December 04, 2010

“Encontro doméstico”

A pequena lagartixa me encara, assustada.
Não me conhece.
Não sabe que não sou de nada,
que não faria mal a uma barata.
Antes, a olho com pena, pensando:
Poderia ser o inverso: eu lagartixa,
e ela este ser grande pensante.
Será que ela pensa?
Parece que sim, pois permanece
me encarando paralisada.
Eu, que tantas vezes me senti assim acuada,
tento ajudá-la a partir:
abro-lhe a janela, mas ela não sai...
Lá fora está frio, é noite.
Por mim, tudo bem,
desde que não invada meu espaço...
Pobrezinha, tão branca!
Parece até transparente.
Volto a pensar:
se fosse eu, assim tão frágil,
que desgraça!
Agora apago a luz, esperando que ela parta.
Acendo-a de novo e nada...
Então, tendo que sair,
deixo-a ali mesmo, no alumínio grudada
E tchau
Boa noite, boa sorte.
E até outra hora.
Mas recomendo aos que ficam,
que não a maltratem
Como é fácil comigo fazer amizade!...

Será que estou ficando louca?
Ou vazia de emoção é a minha vida?
Daqui a pouco estarei fazendo verso pra baratas!!!

Cecília

No comments: